Identidade e Opresão Feminina em “The Yellow Wallpaper” de Charlotte Perkins Gilman
- Jéssyca Santos
- 16 de ago.
- 3 min de leitura
A autora

A autora Charlotte Perkins Gilman nasceu em 3 de julho de 1860 em Hartford, Connecticut, EUA. Frequentou a Escola de Design de Rhode Island por um tempo e, em maio de 1884, casou-se com Charles W. Stetson. O casamento acabou não dando muito certo, e sentindo-se inadequada para a rotina doméstica, apresentou uma crise de melancolia seguida de colapso nervoso. Após cerca de um ano, em 1888, vai com sua filha para Pasadena. Acabou divorciando-se do marido em 1894 e, logo depois, casou-se novamente com um de seus amigos mais próximos, o que foi motivo de escândalo na época.
Após essa mudança para a Califórnia, a escritora começou a escrever poemas e histórias, incluindo uma de suas mais famosas, “The Yellow WallPaper”, publicada na The New England Magazine em janeiro de 1892. Gilman foi uma ativista da causa feminista, e através desse conto ela retrata o contexto social ao qual ela mesma viveu, abordando não só a sociedade patriarcal, mas também as concepções da medicina diante das doenças mentais quando suas pacientes eram mulheres, e a impotência dessas mulheres diante das convicções médicas da época.
Perkins tornou-se palestrante durante o início da década de 1890, abordando temas sociais como trabalho, ética e o lugar das mulheres durante um curto período na Hull House de Jane Addams. Em 1898, publicou “Women and Economics”, um manifesto que abordava a independência econômica das mulheres e a romantização dos conceitos de feminilidade e maternidade. Esse manifesto foi traduzido para sete idiomas.
De 1909 a 1916, editou e publicou uma revista de artigos e ficção feministas. Gilman também ajudou Jane Addams na fundação do Partido da Paz da Mulher em 1915. No entanto, depois que os tratamentos para o câncer que a afligia se mostraram ineficazes, ela tirou a própria vida em 17 de agosto de 1935 em Pasadena, Califórnia.
A obra The Yellow Wallpaper

Publicado em 1892, em plena revolução industrial, “The Yellow Wallpaper” é, antes de tudo, uma denúncia que explora temas de saúde mental, opressão feminina e a forma como as mulheres eram tratadas, impedidas de trabalhar, estudar ou engajar em qualquer atividade que fosse contra o que se esperava do conceito feminino da época.

O conto é apresentado em forma de diário, escrito pela protagonista, que inicia sua história contando sobre sua mudança para uma nova casa durante o verão – uma mansão colonial que, aos olhos da protagonista, já havia passado de seu auge e agora parecia para ela um lugar lúgubre, por ter ficado muito tempo abandonado.
Ao nos apresentar a profissão de seu marido, médico, e sua personalidade prática, que decide que o que sua esposa tem é algo passageiro que, com descanso e afastamento, cessaria, ele convence todos os seus amigos e parentes de que o isolamento dela seria o melhor. O irmão, também médico, apoia a decisão.
Se um médico de grande reputação, para mais um marido, convence amigos e familiares que nada de grave se passa realmente conosco senão uma teporária depressão nervosa - uma ligeira tendência histérica - que poderá uma pessoa fazer?
Ressentida principalmente por ser obrigada a parar de trabalhar continua a escrever às escondidas.
Ao longo do conto, vemos suas escolhas serem completamente desconsideradas pelo marido, que passa a decidir tudo a seu respeito, principalmente o quarto no qual ela ficará durante a estadia na casa. Não podendo ficar no quarto que gostaria, a protagonista se vê presa em um quarto na parte de cima da casa, como em uma torre, com janelas por todos os lados que possuem grades e paredes com um tal papel amarelo, que tem a princípio um padrão de desenhos banal aos olhos da narradora.

Não gosto nada do nosso quarto. Eu queria um no rés-do-chão que dava para um terreiro e tinha rosas mesmo em frente da janela, e um cortinado de chita tão à moda antiga!… Mas o John nem sequer quis ouvir falar do assunto
Se antes, o papel era comum, com o passar do tempo e da monotonia de sua rotina, a protagonista se vê obcecada pelo papel e sua padronagem, acreditando que há algo de estranho que se abriga naquela parede.
Confinada nesse quarto sem poder fazer quaisquer outras atividades sob a ordem do marido, três fatos deixam a protagonista com uma suspeita sobre o lugar: terem conseguido o lugar durante o verão, o valor baixo e a casa ter ficado vazia durante tanto tempo.
Começa então a achar que pode haver mais por tras do papel de parede e as suspeitas começam a consumir seus pensamentos.






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